Uma análise do interativo, do analógico ao digital

 

Hélio Oiticica foi, essencialmente, um artista que fugiu às convenções. Filho de fotógrafo, teve um contato íntimo com a experimentação artística desde cedo. Em suas primeiras obras, os metaesquemas - guache sobre cartão - já prenunciava a superação do quadro - sob influência neoconcretista - o que viria a se concretizar com suas estruturas tridimensionais - Bilaterais e Relevos Espaciais e, posteriormente, os Núcleos. Nestas. A interatividade com o espectador, aspecto central de todos os seus projetos, já se elucidava. Seria evidenciada mais intensamente com os Bólides - recipientes contendo líquidos e outros materiais, que o público poderia manipular, em uma experiência de cor e textura. 

Contudo, é a partir dos Parangolés que o público se torna não só participante, mas criador da obra em si. O corpo promove o movimento, e as cores das capas a ele se mesclam, em uma manifestação profundamente livre. Idealizado a partir do contato com a Estação primeira da Mangueira, o Parangolé pressupõe coletividade e expressividade, negando a restrição da arte a um grupo de intelectuais e subvertendo o próprio papel do artista: de criador, passa a motivador da criação.

Rafael Lozano-Hemmer, artista midiático, teve como influência no fazer artístico sua formação em Química. Destarte, o uso da ciência e da tecnologia em suas obras para fomentar a participação do público é marcante. Por meio de recursos diversos, como luzes robóticas, redes telemáticas e paredes de mídia, cria performances interativas. Ademais, utiliza o termo "arquitetura relacional" para se referir ao uso da tecnologia como forma de atualizar e criar novas narrativas nos edifícios já existentes.

Em sua obra Pulse Room os batimentos cardíacos dos participantes são captados por um sensor, de modo que a lâmpada mais próxima passa a piscar na mesma frequência de sua pulsação. De extrema sensibilidade e fruição estética, a instalação representa visualmente uma sensação. Além disso, seu aspecto interativo não se limita ao contato entre o participante e o objeto, mas se estende para a interligação dos participantes entre si, o que magnifica seu efeito visceral.