Tecnologias da informação e manipulação da imagem
O conceito de Indústria Cultural, cunhado por Theodor Adorno, refere-se à massificação da produção cultural, em reflexo da produção industrial em série. A arte é convertida em mercadoria, e mesmo sua dimensão estética é moldada a serviço do capital. Para isso, tem sua significação minorada e a originalidade se perde em detrimento de uma padronização palatável comercialmente.
No contexto das redes sociais, essa estilização é magnificada, de modo que a própria imagem passa, também, por um processo de mercantilização. Filtros, aplicativos de edição, procedimentos estéticos - a imagem ideal é artificializada, sobre-humana e sua busca (inatingível) atende perfeitamente à lógica de mercado. Como resultado, tem-se uma geração adoecida mentalmente, que continuamente se compara a modelos irreais.
Tais comparações não se limitam ao físico: deseja-se o estilo de vida do outro, em sua totalidade, desde os produtos que consome até seu modo de pensar. É fato que esse desejo pelo alheio sempre existiu, muito antes das mídias digitais - o homem é produto do meio e por ele continuamente influenciado. Contudo, no mundo virtual, todos os padrões são hiperbólicos.
Consequentemente, os preconceitos e discriminações são, também, perpetuados, seja em demonstrações escrachadas ou, de forma mais sutil, por meio de uma publicidade supostamente inclusiva, mas que é superficial e estereotipada. O diferente só interessa quando é momentâneo, chocante e lucrativo. No fim do dia, os grandes influenciadores são todos iguais.
Dessa forma, com a superexposição a imagens estilizadas, somos impelidos a reprimir nossa versão real, orgânica e criativa. Utilizamos as ferramentas digitais para aproximarmo-nos de um arquétipo perfeito, quando poderíamos aproveitá-las para nos expressar de maneira inovadora e, acima de tudo, autêntica. Assim, urge que se inverta a lógica da estilização, do perfeitamente inatingível. Que as novas formas de comunicação se adaptem ao diálogo, instigante e democrático. Que os modelos promovam uma representatividade real, não subserviente. E por fim, que não se tenha apreensão em se expressar fora da norma. Essencialmente, essa é a natureza humana.
Comentários
Postar um comentário